- O problema de compreensão não está só em seus ouvidos.
Corvo
colocou a mão em seu peito e falou com um tom misteriosamente sério.
- Acho
que mesmo você já passou por isso. Nunca sentiu seu coração pular ao ouvir algo
misterioso ou chocante? Certo, se eu tivesse que adivinhar, essas palavras
importantes alcançam ainda mais fundo que apenas a sua consciência. Mas... a
garota, sobre quem você está falando, ela não tem esse tipo de sentimento. Não
importa o que você diga pra ela, eu acho que nem mesmo suas palavras vão
atingir o coração dela, como se ela não tivesse um.
Ouvindo
isso, Muoru mordeu seu lábio inconscientemente.
- Ah,
hey, hey, não fique pra baixo assim. Isso não é nada além do meu chute. Ela
pode simplesmente ter poucas habilidades sociais, certo?
-...Se
fosse verdade, estaria ótimo. Mas seriamente, eu sinto que é inútil não importa
o que aconteça.
Rindo
da timidez do garoto, Corvo disse:
- Bem,
vamos checar se ela tem um coração ou não.
- Huh?
A
garota é humana, então fisicamente ela tem um coração. “Coração de esqueleto”
devia ser apenas uma analogia. Mesmo assim, Corvo disse que deveriam confirmar
isso... uma frase que confundiu Muoru totalmente.
- Sim,
então feche seus olhos. – Corvo disse, e Muoru obedeceu.
Então
corvo, como se estivesse conjurando um feitiço, disse:
- Olhe,
tente imaginar o peito da garota. Por baixo das roupas, da pele, da carne, dos
ossos, por baixo de tudo. Há um coração? Não deveríamos tentar confirmar? Como
perguntar isso? Bem, é simples. Toque-a com a palma da sua mão, e se você
sentir as batidas, então tudo bem. Entretanto, se seus dedos passarem por baixo
das roupas e expor as saliências do peito dela, acho que você vai adorar...
-...
Corvo
riu e apontou para o rosto de Muoru.
- Oh,
minha Toupeira-kun. Seu nariz está sangrando. Talvez você esteja pensando em
algo pervertido[3].
- Fo...Fo...Foda-se,
seu idiota! Eu não estou pensando nisso! Eu vou enterrar você! – Muoru gritou,
cobrindo a área abaixo do nariz com a mão, o que fez com que Corvo risse.
- Wow,
que assustador. É a primeira vez que você me responde assim, Toupeira-kun!
...Era
um erro completo e definitivo discutir com Corvo.
...Bem,
não parecia haver mais ninguém com quem pudesse falar sobre Meria.
No
fim, sabia que não ajudaria usar um presente, nem achava que ela entenderia os
elogios. Sendo esse o caso, pelo menos teria de descobrir algo que ela não
odiasse. Era uma forma incrivelmente tímida de pensar, mas no momento não havia
como fazer outra coisa.
Próximo
ao estábulo onde dormia, havia um reservatório que parecia ter sido usado
originalmente para dar água aos cavalos.
Acordando
mais cedo que o usual, Muoru foi para lá, encheu um velho balde rachado com
água e virou-o sobre sua cabeça. No meio do reservatório de água parada, larvas
de mosquito flutuavam, mas ele não percebeu enquanto continuava a repetir a
ação.
[3]
“Nosebleed”, no Japão há uma pseudo-crença (prevalente em animes) que quando a
pessoa tem pensamentos pervertidos, isso ocasiona um sangramento nasal. A
tradução literal seria “você está com uma cara pervertida”, porém isso não
combina com a frase seguinte, onde Muoru cobre a área sob o nariz.
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